ATA DA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 05.04.1988.
Aos cinco
dias do mês de abril do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na
Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre,
em sua Sétima Sessão Solene da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona
Legislativa, destinada a conceder o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Dr.
David Iasnogrodski, conforme Projeto de Resolução nº 35/86 (proc. nº 2621/86).
Às dezessete horas e vinte e cinco minutos, constatada a existência de
“quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes
de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes.
Compuseram a Mesa: Ver. Frederico Barbosa, 1º Vice-Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre, em exercício da presidência nesta Solenidade; Rabino
Efraim Ginsberg, Grão-Rabino do Rio Grande do Sul; Dr. Samuel Burd, Presidente
da Federação Israelita do Rio Grande do Sul; Dr. João Antonio Dib, ex-Vereador
e ex-Prefeito de Porto Alegre; Ver. Nei Lima, Secretário Municipal do Meio
Ambiente; Dr. Israel Lapchick, Presidente do Conselho da Federação Israelita;
Jorn. Roberto Brenol de Andrade, representando a Direção do Jornal do Comércio;
Sr. João Carlos Bertucci da Silva, representante do Conselho Regional de
Administração; Dr. David Iasnogrodski, Homenageado; Verª Gladis Matelli, 1ª
Secretária da Casa. A seguir, o Sr. Presidente saudou, em nome da Casa, os
ex-Vereadores Luiz Vicente Dutra e Reginaldo Pujol, Prof. Idalécio Sobotck,
Vice-diretor da Faculdade São Judas Tadeu e o Sr. Luiz David Levental, da
Organização Sionista e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome
da Casa. O Ver. Hermes Dutra, em nome da Bancada do PDS, comentou os laços de
amizade que o unem ao Homenageado, enaltecendo suas qualidades. Discorreu sobre
a administração de Sua Senhoria à testa do Departamento de Esgotos Pluviais,
salientando a luta que teve que empreender para fazer frente aos problemas da
Cidade, em face dos parcos recursos que esse Departamento possuía. Ao
finalizar, disse que esta homenagem simboliza o reconhecimento deste
Legislativo, pelos serviços prestados por S. Sa. à comunidade. O Ver. Jorge
Goularte, em nome das Bancadas do PL, PMDB e PCB e como proponente da presente
Sessão Solene, falou que esta homenagem decorre do débito existente da cidade
de Porto Alegre com S. Sa., em reconhecimento aos relevantes trabalhos
prestados na solução dos problemas da Cidade, à frente dos vários órgãos municipais
onde prestou sua colaboração. Finalmente, discorreu sobre a vida comunitária do
Homenageado e seu currículo profissional. O Ver. Isaac Ainhorn, em nome da
Bancada do PDT, disse ser gratificante juntar-se às homenagens que, hoje, se
prestam nesta Casa ao Sr. David Iasnogrodski. Falou que a presente Sessão
Solene é o reconhecimento deste Legislativo ao Homenageado pelo muito que tem
contribuído em prol da comunidade. Discorreu sobre a colaboração cultural
prestada à comunidade judaica existente no Município, salientando o transcurso,
hoje, da Festa Judaica de Libertação do Cativeiro Egípcio. O Ver. Artur
Zanella, em nome da Bancada do PFL, declarou sua satisfação por representar seu
Partido na Presente homenagem. Discorreu a respeito dos requisitos necessários
para que alguém receba o Título de Cidadão Emérito, ressaltando, entre eles, o
trabalho realizado em favor da Cidade, no qual o Homenageado tem se destacado,
como funcionário público exemplar da classe a que pertence. A seguir, o Sr.
Presidente convidou o Ver. Jorge Goularte a proceder à entrega do Título
Honorífico de Cidadão Emérito e do Troféu “Frade de Pedra” ao Sr. David
Iasnogrodski. Após, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Homenageado que
agradeceu o Título e o Troféu recebidos. Em continuidade, o Sr. Presidente fez
pronunciamento relativo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades
presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar,
levantou os trabalhos às dezoito horas e quarenta e um minutos, convocando os
Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelo Ver. Frederico Barbosa e secretariados pela
Verª Gladis Mantelli. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr.
Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Hermes
Dutra, que falará em nome da Bancada do PDS.
O SR. HERMES DUTRA: Exmo. Sr. Ver. Frederico
Barbosa, na presidência dos trabalhos; Rabino Efraim Ginsberg, Grão-Rabino do
Rio Grande do Sul; Dr. Samuel Burd, Presidente da Federação Israelita do Rio
Grande do Sul; Dr. João Antônio Dib, ex-Vereador e ex-Prefeito de Porto Alegre;
Ver. Nei Lima, Secretário Municipal do Meio Ambiente; Dr. Israel Lapchick,
Presidente do Conselho da Federação Israelita; Jornalista Roberto Brenol de
Andrade, representando a Direção do Jornal do Comércio; Sr. João Carlos
Bertucci da Silva, representante do Conselho Regional de Administração. Meu
prezado amigo e homenageado desta tarde, David Iasnogrodski, homem cuja
dificuldade que sempre tive em pronunciar o sobrenome vai na razão inversa do
afeto, da amizade com que consegue cativar a todos que com ele convivem. Meu
prezado David, vejo no Plenário tua esposa, teu filho, e começo a voltar no
tempo e, ao mesmo tempo, a pensar na dura missão que é vir a esta tribuna e
falar de quem se é amigo, coisa que pode parecer fácil, mas não o é. Não vou
falar, David, do teu trabalho junto à comunidade israelita de Porto Alegre, o
que, certamente, outros Vereadores, bem melhor do que eu, farão. Não irei
também buscar no teu currículo coisas para dizer aos teus amigos, porque eles
bem o sabem e certamente outro discurso o fará melhor. Vou, isto sim, David,
falar em nome da minha Bancada, naturalmente, em nome do Ver. Rafael Santos e
Mano José, mas quero falar também em nome daqueles amigos que conviveram
contigo, capitaneados pelo Dib, que está aqui, na Mesa, nos prestigiando com
sua presença neste ato, todos eles, porque se citar nomes talvez cometesse
alguma injustiça, e muitos vieram aqui testemunhar este ato que, se é uma
festa, se é uma Sessão Solene, é, antes de tudo, o reconhecimento da Câmara
Municipal de Porto Alegre por alguém que vê o homem como um ser um pouco acima
do que é pura matéria, que vê o homem como um ser que vem ao mundo, e que, como
tal, aqui tem de fazer alguma coisa, e fazer para o bem, e tu és um destes,
David. Volto ao tempo, como dizia, e me recordo do David que muitos de vocês
não conheceram, e que poucos de nós convivemos, conhecemos. Um David preocupado
e assustado quando São Pedro abria as torneiras lá em cima e derramava a água
santa que para os agricultores era a vida que lhes rendia lucro e assegurava o
futuro, para o David era o desespero de ter um departamento com um orçamento
que era nada, e a ânsia de querer resolver os problemas, e não ter os
instrumentos adequados nas mãos. Era o David que fazia jus ao nome, na luta
contra um Golias que era o mar de problemas desta Cidade, contra um David modesto,
no seu minúsculo departamento, o menor da prefeitura, diuturnamente buscando,
com os parcos recursos que tinha, as soluções que o dinheiro não lhe
facilitava, mas que a criatividade lhe alcançava às mãos e que como tais se
estendiam para a população da Cidade. Ali que convivi com o David, e aprendi a
admirá-lo, sobretudo ver que, efetivamente, há homens que não se apequenam
diante dos grandes problemas. E certamente, David, não foste o vitorioso de
todas as batalhas, ninguém o é, mas feliz daquele que diz que batalhou em todas
as batalhas. Foste um deles. É por isso que em nome daqueles companheiros de
quem muitas vezes divergimos em uma mesa de reunião, divergências estas que
nunca atingiram o afeto, a estima e a admiração pessoal que tínhamos por ti, é
que quero, neste dia em que a Casa de Porto Alegre se reúne, numa feliz e
oportuna iniciativa do nosso Ver. Jorge Goularte, tão ligado à Colônia
Israelita de Porto Alegre, dar o título de Cidadão Emérito a David
Iasnogrodski.
Por certo, David, tu deves estar te questionando lá no fundo, porque é
próprio de ti, mas afinal, agora, com este diploma na mão, o que fazes? Eu te
responderia, David, esta Casa tem uma galeria de homens cuja ação e cujo
trabalho estão registrados para sempre em seus Anais e nos seus livros de
história. Que nossos pósteros possam um dia, daqui há 10, 100 ou 200 anos,
consultar e dentre esta gama imensa de homens a quem Porto Alegre muito deve,
estar inserido o teu nome, que não deve ser fator de preocupação de sua parte
pela responsabilidade que adquires em te tornares Cidadão Emérito desta mui
leal e valerosa. Ao contrário, a Casa se sente rejubilada, pois quem não se
sente rejubilado quando faz uma coisa que é certa. E hoje, ao te dar este
Título, os Vereadores de Porto Alegre, pela sua Casa Legislativa, pela
unanimidade de seus membros, apenas materializam o que deveria ser obrigação de
toda a comunidade: saudar e mostrar a todos os seus homens de bem. E tu és um
deles, David. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João
Goularte, autor da proposição, que fala pela sua Bancada, a Bancada do PL, pela
Bancada do PMDB e pela Bancada do PCB.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente, Sr. Rabino
Efraim Ginsberg, meu querido amigo Samuel Burd, Dr. João Antônio Dib, sempre
Vereador nesta Casa, Ver. Nei Lima, Dr. Israel Lapchick, Dr. João Carlos
Bertucci, meu querido homenageado Davi Iasnogrodski, familiares, Sr. Maurício,
dona Anita, a esposa do nosso homenageado, Beatriz, o filhinho Fábio,
comunidade aqui presente, o sempre Ver. Pujol, que nos dá um prazer enorme em
estar aqui, Luiz Vicente Dutra, os amigos do David que aqui estão, minhas
senhoras e meus senhores.
Quando propus este título ao David, e vejo um grande amigo que me
ajudou muito neste Projeto, que confesso de público que é o David Kapel, o fiz
na certeza de que Porto Alegre devia este título a quem tanto trabalhou por
Porto Alegre, de maneira simples, de maneira modesta no seu jeito de ser e até
faço uma confissão, com dificuldades que eu mesmo poderia ter tentado resolver
e que não o fiz, porque quando propus o convênio CORSAN/DMAE poderia também ter
incluído o DEP neste convênio para que o David tivesse alguns meios a mais para
fazer o grande trabalho que fez ainda maior. O David criou grandes projetos em
Porto Alegre. Lembro aqueles primeiros, aqueles antigos, a grande luta que teve
com o grande projeto que fez: “Menos sujeira nos bueiros, menos enchente”. Como
disse o Hermes Dutra, e o disse muito bem, o David ficava desesperado quando Porto
Alegre recebia aquelas enxurradas, como todas as cidades recebem e as
dificuldades são em todas as cidades do mundo, mas o David, mesmo sem meios, na
defesa civil do Município, fazia um trabalho brilhante, que ele pensava que nós
não estávamos observando, mas nós estávamos, pois esta é a nossa missão. O
Vereador tem que observar, em nome da população que o elegeu, o que faz o homem
público. Assim somos julgados, não é, Dib? Somos julgados, Frederico, Vicente,
Pujol, Hermes, Isaac, Aranha, Zanella, todos nós sabemos o que isso representa.
Mas, não vou fazer um discurso lido, porque não gosto de fazê-lo e também acho
que nem sei fazê-lo, pois tenho dificuldades em ler, mas gosto de falar com o
coração. Vou tentar falar do homem em família David Iasnogrodski, do homem em
comunidade David Iasnogrodski e do homem profissional David Iasnogrodski.
O homem de família é um filho amantíssimo e o seu Maurício e a dona
Anita que o digam. O jovem estudioso que fez, com esforço enorme, vários
cursos, um profissional da mais alta competência, e um filho que só deu
satisfações. O David em família, com sua esposa Beatriz e o filho Fábio, pai
amantíssimo, marido extremado, criatura maravilhosa que vive para sua família.
E o David em comunidade, aquele homem atento, crítico – por que não? – também
meu, das coisas que faço erradas – e as faço, muitas – e também indicações para
que acerte ou para que faça alguma coisa de bom por Porto Alegre. Tem muito do
David, suas sugestões, seu acompanhamento, assim como tem de muitos amigos.
Quantas tardes eu passo lá no Kapel, no Efraim, no Pettersen, que vejo não
estar aqui presente e espero que ele saia do problema de saúde que tem, que
sempre está presente e que hoje por problemas de saúde é que não está presente.
Então, o David, em comunidade, tira os momentos que ele tem,
particulares, para trabalhar pela comunidade e como o faz: com competência, com
altivez, e além de tudo ainda tem o programa de Rádio às 9h45min na Rádio
Princesa e me faz eu ir lá para ouvir o David se comunicar com Porto Alegre,
com a sua gente. O David tem alguma coisa em comum, pois nós já passamos
algumas refregas juntos. Nós já fomos ameaçados juntos, evidentemente por algo
que nem deve ser citado. Gente desqualificada que nos ameaçam anonimamente e
nos ameaçaram fisicamente, em uma determinada oportunidade, entrando na
Prefeitura Municipal, e que deixamos passar porque essas coisas a gente deve
esquecer e não devemos, neste momento, recordar coisas más.
O David, eu disse o David profissional, um homem que possui inúmeros
cursos, sendo engenheiro civil, administrador de empresas, tem vários cursos de
extensão universitária, como Fundamentos da Corrosão, Operação de Sistema de
Distribuidores, Fundações dos Edifícios, Curso de Hidrometria, Instalações
Prediais de Água e Esgotos, Administração de Materiais, Curso de Marketing,
Engenharia de Tráfego, Elaboração de Análises de Projetos, Programação e
Administração de Projetos, Segurança e Desenvolvimento, além de participação
constante em seminários sobre os problemas de nossa Cidade. Então, um homem
preparado, como poucos, para desempenhar a sua profissão e o faz com dedicação
invejável. Por isso, Davi, propus esse Título. Por isso, nós estamos aqui. Este
modesto proponente, um dos mais modestos Vereadores do sul do mundo, teus
familiares, pai, esposa, amigos, líderes da comunidade judaica, estamos, todos,
para te dar um grande abraço e agradecer pelo muito que já fizestes e pelo que
ainda farás por Porto Alegre, pelo Rio Grande e pelo Brasil. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver.
Isaac Ainhorn pela Bancada do PDT.
É evidente que alguns predicados, algumas qualificações fazem com que
uma pessoa seja distinguida. E a Câmara de Vereadores é uma Casa que tem os
seus momentos difíceis, é uma Casa política. É uma Casa que é a expressão
política da cidade de Porto Alegre, nas suas grandezas, nas suas dificuldades,
nas suas adversidades. E procura, igualmente, prestar homenagens, reconhecer o
trabalho de pessoas que realmente são representativas da sociedade
porto-alegrense, e que esta Casa, como representativa dos cidadãos
porto-alegrenses, reconhece os seus feitos, as suas contribuições, o seu
trabalho, e aquilo ainda que poderá vir a fazer. É um reconhecimento da Cidade.
E a cidade é o local real onde as pessoas vivem. A cidade não é uma ficção
jurídica. A cidade é a realidade concreta da vida dos cidadãos, da vida moderna
dos cidadãos.
O que é a cidade moderna? Cidade moderna é essa construção que tem
muito de qualidade, muito de positivo, mas, também, a vida social nos impõe
inúmeras dificuldades. E a cidade de hoje, que é filha, que é sucessora, que é
herdeira da cidade medieval, administrar a cidade é algo extremamente complexo,
com o qual o nosso homenageado de hoje, o David, conviveu e convive, porque ele
é um estudioso da cidade de Porto Alegre. Ele é um homem – e o seu currículo
revela as qualificações pessoais que lhe fazem – realmente, um homem em
condições para sugerir soluções para os problemas da Cidade. Ele transita na
Câmara de Vereadores de Porto Alegre, conversa, sugere e discute com vários
Vereadores, independentemente de suas colorações políticas, independentemente
do partido político a que pertence cada um dos Srs. Vereadores. Com freqüência
se assiste à presença do David aqui nesta Casa, discutindo problemas dos mais
diversos que dizem respeito à cidade de Porto Alegre.
O David tem a sua história, o filho do seu Maurício e dona Anita, que
hoje, orgulhosamente, com certeza, participam desta homenagem, cuja feliz
proposição partiu do ilustre Ver. Jorge Goularte e que mereceu acolhida unânime
dos Vereadores desta Casa.
Hoje, aqui, a D. Anita e o Sr. Maurício certamente estão felizes, mas
além da condição de pais orgulhosos de ver e de assistir o reconhecimento da
cidade de Porto Alegre a seu filho, há um outro aspecto que, nesta
oportunidade, cumpre inegavelmente registrar. O nosso País é fundamentalmente
um País de formação de correntes migratórias que, pelos mais diversos motivos,
aqui aportaram; dificuldades econômicas dos países de origem, perseguições de
toda ordem, é que fizeram do Brasil um país receptor de correntes migratórias,
de um verdadeiro cadinho de miscigenação e integração de povos, de culturas, as
mais diversas, desde o início do descobrimento do Brasil, quando para cá
aportaram os portugueses. Curiosamente posso dizer, com a absoluta
tranqüilidade, que dos 80% dos portugueses que para o Brasil acorreram, que
para a Província de São Pedro aqui vieram - a maior parte também já vítima da
intolerância e da perseguição de toda ordem, e sobretudo de natureza religiosa
- aqui aportaram os cristãos novos, cujas raízes, cuja história remontam às
raízes judaicas. E, hoje, nós estamos homenageando o homem porto-alegrense, um
gaúcho, um brasileiro, mas, também, o homem que reconhecidamente - e assume
plenamente esta condição - traz em si a sua condição presente e permanente, a
sua condição judaica.
Eu convivi com David desde os tempos dos bancos escolares do jardim da
infância, depois no Colégio Israelita e, mais adiante, no Colégio Júlio de
Castilhos. Ele escolheu o Científico, o caminho da Engenharia, eu pelo caminho
do curso clássico, pelo caminho do Direito. E assisto, hoje, com orgulho e
satisfação. Faço esta homenagem ao filho do seu Maurício e da dona Anita, que
expressa o reconhecimento da sociedade de Porto Alegre, exatamente desta
Cidade, a exemplo de outras Capitais brasileiras, a exemplo de milhares de
municípios do nosso País que foram formados dentro deste verdadeiro cadinho de
miscigenação racial.
O David, na sua formação, na sua história, é, hoje, a expressão de
dezenas e centenas de milhares de homens oriundos de outras paragens que para
aqui vieram por problemas, como já referi, de natureza migratória, os mais
diversos, e se integraram. O David é um exemplo e um símbolo de um homem da
integração, de um homem da condição judaica, a exemplo da minha situação
pessoal, identificado plenamente com a sua Cidade, com o seu Estado e com o seu
País. E esta é uma característica que eu não poderia deixar de registrar. Com a
sua força, com a sua convicção íntima, com os seus padrões, ele mantém um
horário tradicional, aqui já referido pelo Ver. Jorge Goularte, a Hora
Israelita. E ele expressa, através desse programa, a presença da cultura
judaica na formação da sociedade rio-grandense e da sociedade brasileira. E ele
é representativo, hoje, quando a cidade de Porto Alegre homenageia, hoje, a
David Iasnogrodski, conferindo-lhe o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre,
motivo de orgulho para seus pais, para sua mulher, Beatriz, e para seu pequeno
filho, Fábio. Ele também é um motivo de orgulho da sociedade porto-alegrense,
da sociedade rio-grandense e da sociedade brasileira. E o é, também, da
comunidade judaica, que vive e trabalha neste Estado e neste País. E quando
cito a Hora Israelita, chamo a atenção para o fato de que, ali, ele transmite
valores e padrões de uma cultura milenar, que formam e que constituem a cultura
ocidental, que é formada pela corrente judaica e, de forma subseqüente, pela
cultura cristã, condicionando a formação de todas as pessoas exatamente neste
caldo cultural da cultura judaico-cristã, ao lado da filosofia greco-romana.
Estas são as grandes correntes e o David expressa isto de forma plena. E quando
vejo o David ser homenageado, vejo que está sendo homenageado tudo aquilo de
que ele participou, o que ele fez e o que ele construiu, na sua
individualidade, ele, David, nos seus 40 anos de existência, mas, ao lado da
sua individualidade, também há um ser coletivo. Quando se fala, por exemplo,
que o David recebe o reconhecimento da cidade de Porto Alegre, ele está
recebendo o reconhecimento por tudo aquilo que ele faz como cidadão, como
intelectual, como professor, como técnico de reconhecida competência, que
passou momentos difíceis, mas sempre teve muita garra, muita vontade e talento.
Na Hora Israelita, eu referi, e vejo figuras que antecederam o David na Hora Israelita,
Dr. José Alperin, Dr. Komeyer, que também, com certeza, nesta tarde, ao lado de
outras pessoas que aqui se encontram, que junto com o David estão sendo
homenageadas com ele. Há pouco conversava, e é uma data, para o David e para a
comunidade judaica, tenho certeza, de muita expressividade, data em que o David
recebe o reconhecimento do seu trabalho, porque esta semana, no calendário
judaico, representa uma das festas religiosas de maior expressão, que é a
libertação do Egito há mais de três mil anos, a festa de Pessach, que ao lado de todos os conteúdos religiosos é também uma
festa de liberdade. Há pouco comentava a locução do Rabino Quinsburg quando
dizia que os quatro cálices, ele dizia, presentes na festa do Seider, quiçá
expressavam, há três mil anos atrás, nos séculos XVIII, XIX e XX,
filosoficamente, foi racionalizado e elaborado, mas já estavam expressos de
forma simbólica nos quatro cálices, a liberdade religiosa, a nacional, a
econômica e a liberdade individual. E, hoje, nos sentimos à vontade, pois sei
da satisfação, da coincidência da homenagem que a cidade de Porto Alegre presta
ao David nesta tarde e o reconhecimento da Câmara de Vereadores da Cidade de
Porto Alegre ao David.
Encerrando, Sr. Presidente, mais uma vez, quero deixar aqui registrado
o profundo reconhecimento da minha Bancada e da conquista do título, a
homenagem que se faz, hoje, ao David, em lhe conferir o título que a Câmara de
Vereadores votou, há algum tempo atrás, concedendo-lhe por unanimidade o título
de Cidadão Emérito de Porto Alegre; é uma questão em que se fez nada mais do
que justiça. E a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, neste particular, eu
tenho certeza de que com os qualificativos, o curriculum e a história do nosso homenageado só cresceu e se
orgulha, nesta oportunidade, de conferir ao David o título de Cidadão Emérito
de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A seguir, passamos a palavra
ao Ver. Artur Zanella, que falará em nome da Bancada do PFL.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Ver. Frederico Barbosa,
Vice-Presidente da Casa, estando hoje no exercício da presidência dos
trabalhos; Dr. David Iasnogrodski, nosso homenageado e sua família; Dr. Samuel
Brud, Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul; Rabino Efraim Ginsberg,
Grão-Rabino do Rio Grande do Sul; Sr. João Antônio Dib, ex-Vereador e
ex-Prefeito de Porto Alegre; Ver. Nei Lima, Secretário Municipal de Meio
Ambiente, representando a Prefeitura Municipal, neste ato; Dr. Israel Lapchick,
Presidente do Conselho da Federação Israelita; Sr. João Carlos Bertucci da
Silva, representante do Conselho Regional de Administração; Verª Gladis
Mantelli, Secretária da Câmara Municipal de Porto Alegre; demais pessoas aqui
presentes, sempre citando os ex-Vereadores Reginaldo Pujol e Vicente Dutra;
meus senhores e minhas senhoras.
Ao final da tarde, quando já se é o quarto Vereador a falar, eu me
lembro daqueles grandes comícios que existiam antigamente em que o último
orador na verdade servia como uma introdução ao orador principal, no caso dos
comícios, a grande estrela, no caso de uma Sessão como esta, a oração do
homenageado. Mas, a Bancada do PFL fez questão de aqui estar para colocar
também a sua palavra e a sua posição. Comentava eu com o Ver. Aranha Filho, da
minha Bancada, que naqueles debates em que se discute quem será o orador que
representará a Bancada, sempre há algumas discussões e, em alguns casos, o Ver.
Aranha Filho ou algum outro Vereador ligado à área tem a honra de se
pronunciar. Em algumas Sessões, eu tinha inveja de outros Vereadores que
falavam em nome da minha Bancada, assim como hoje os representantes da nossa
Bancada, que aqui estão, tenho certeza gostariam de estar, neste momento, em
meu lugar.
É difícil, neste momento, colocar grandes questões, porque antes as
qualificações do homenageado praticamente todas foram colocadas: engenheiro,
técnico em administração, jornalista, radialista, da defesa civil, mas cabe,
também, ampliar um pouco este momento e discutir algo que até hoje a imprensa
publicava, em que se falava das condições necessárias para que alguém recebesse
ou não o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre. Alguns devem ter lido,
outros devem ter ouvido e quem participou, ontem, da discussão, às vezes ouviu
ou ouvia a posição de alguns que falavam de um homenageado que deve ser idoso,
alguém disse. Enquanto que nós, neste momento, dizemos que o homenageado pode
ser idoso, que traz aqui toda a sua experiência, até às vezes num acaso de
atividade funcional, mas nós queremos exaltar hoje também a juventude, porque
isto aqui, o David tenho certeza que sabe disso, mas talvez outros não pensem
assim, isto aqui não é o coroamento de carreira alguma, isto aqui não é o
galardão final para uma pessoa. Isto aqui é o incentivo da Cidade para quem
muito já fez, mas que tem muito a fazer, ainda, por ela. E eu dizia ao meu
colega Aranha Filho que é uma satisfação muito grande, para quem atua no
funcionalismo público há tantos anos quanto eu, ver que numa oportunidade que
no País inteiro se coloca como inimigo público número um os funcionários
públicos, nós temos aqui nesta sala um funcionário exemplar junto com os seus
colegas de serviço, junto com o seu chefe, o seu Secretário, que não é do mesmo
partido, dizer que há problemas nesta área, mas existem também nesta classe, em
sua maioria, pessoas que sabem de que forma o dever deve ser cumprido e é isto
que nós estamos também homenageando, no dia de hoje, como exemplo de todos
aqueles, para todos aqueles que se iniciam numa carreira pública, muitos aqui
estão, seus colegas ou ex-colegas. É importante que existam pessoas que
trabalham por sua cidade, por sua comunidade. Isso, David, é uma posição nossa,
discutida em Bancada, de que não somente a pessoa fosse homenageada, mas a
classe na qual ela está inserida, principalmente numa época como esta em que é
tão difícil que as pessoas recebam o reconhecimento por seu trabalho, numa
época de tantas desesperanças e numa época em que a confiança e a fé cada vez
mais andam escassas e somem do panorama político-administrativo do País. Neste
País com tantas indefinições, neste País com tantas indecisões, neste País em
que é tão difícil nós encontrarmos um parâmetro e muitas vezes nós encontramos
este parâmetro naqueles que a gente considera como os pais da Pátria, aquelas
pessoas que são exemplos até por sua idade cronológica, nós queremos,
finalmente, dizer a todos que nós apresentamos também parâmetros jovens,
apresentamos também ao povo de Porto Alegre para que aqueles que não saibam das
qualidades do David fiquem também conhecendo, nós apresentamos, não para os
senhores que nos deram a honra de sua presença nesta tarde, nós apresentamos
para a Cidade uma pessoa que é um exemplo pelo que já fez, mas principalmente é
um exemplo por aquilo que fará. Muito obrigado, David, pela sua presença neste
dia e muito obrigado em nome do povo de Porto Alegre, que nós representamos.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ouvido o autor da presente
homenagem, o Ver. Jorge Goularte, Líder da Bancada do PL, convido-o a fazer
entrega do título honorífico de Cidadão Emérito ao nosso homenageado, Dr. David
Iasnogrodski.
(O Ver. Jorge Goularte faz a entrega do Título de Cidadão Emérito de
Porto Alegre.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: Há pouco tempo a Câmara
Municipal de Porto Alegre resolveu instituir o troféu “Frade de Pedra”, que
traduz o apreço da população porto-alegrense às pessoas que de alguma forma
prestam serviços à comunidade. Historicamente traduz a hospitalidade
rio-grandense, uma vez que representa o símbolo da fraternidade.
Eu convido também o autor, Ver. Jorge Goularte, a fazer em nome da Casa
a entrega do troféu “Frade de Pedra” ao Dr. David Iasnogrodski.
(O Ver. Jorge Goularte faz a entrega do troféu “Frade de Pedra”.)
O SR. PRESIDENTE: Concedo a palavra, a seguir,
ao homenageado, Cidadão Emérito de Porto Alegre, Dr. David Iasnogrodski.
O SR. DAVID IASNOGRODSKI: Senhor Presidente, Senhores
Vereadores, estimadas pessoas aqui presentes, amigos e colegas. É com grande
satisfação e com muita emoção que estou aqui nesta tribuna para dirigir-me aos
Vereadores da minha Cidade, e em especial ao amigo Ver. Jorge Goularte, para
agradecer este título que ora estou recebendo. Estamos nesta época comemorando
a Páscoa Judaica – o Pessach. Se
relembra o êxodo dos judeus no Egito. É uma festa familiar onde o pai reúne
toda a família ao redor de uma mesa, no jantar, para juntos lerem a Hagada, que é o livro onde está escrita
esta história. Esse jantar é denominado Seder
de Pessach, “seder” significa ordem em hebraico. Esse jantar tem todo um
ritual próprio e conta em detalhes a saída e o sofrimento dos judeus no Egito.
Em certo momento desse jantar o primogênito pergunta ao pai uma série de
dúvidas que ele tem, como, por exemplo: porque esta noite é diferente de todas
as outras e assim por diante.
Eu também estou com dúvidas, pois não sei dizer o porquê desta outorga,
apesar de que os Vereadores anteriormente já falaram algo. Parafraseando outro
amigo, que também recebeu outorga igual, e como estamos em Pessach faço as seguintes indagações: Será que estou recebendo o
título de Cidadão Emérito da Cidade de Porto Alegre porque sou, e com muito
orgulho, um funcionário público municipal por opção?
Será porque tenho como hobby
realizar a Hora Israelita há muitos anos todos os domingos e com isso posso
continuar mostrando como a comunidade judaica do Rio Grande do Sul está
integrada neste torrão gaúcho, que tão bem recebeu imigrantes judeus em horas
tão amargas, assim como pessoas de outras etnias? Falo assim pois sou filho de
imigrante que chegou aqui com 12 anos de idade vindo da longínqua Rússia. Se
atirou logo ao trabalho de bater de porta em porta a vender meias, rendas e
bordados. Conheceu a nossa Cidade, a minha Cidade, a Cidade dele por opção,
como um todo, logicamente um pouco mais romântica, com menos população e também
com menos violência. Casou aqui com uma natural de Porto Alegre, mas de pais
imigrantes que também por opção viveram quase toda a vida na nossa
hospitaleira, cordial, simpática Porto Alegre. Nos criaram, a mim e ao meu
irmão Bruno com muito sacrifício, mas querendo sempre que tivéssemos menos
problemas que eles. Conheci Porto Alegre inicialmente por eles, onde todos os
domingos me levaram a passear de bonde, ônibus ou a pé e assim comecei a gostar
desta Cidade que hoje me homenageia através desta Casa Legislativa.
Será que estou recebendo este prêmio porque desde garoto gosto de
colaborar em trabalhos comunitários como no Círculo Social Israelita e Grêmio
Esportivo Israelita, hoje Associação Israelita, Betar, B’nai Brith, Defesa
Civil de Porto Alegre, Liga de Defesa Nacional e tantos outros que até a
memória está me faltando em função da emoção que estou sentindo neste momento?
Sobre a Defesa Civil de Porto Alegre devo realçar que foi um período
muito importante para a minha vida, pois aprendi a ver o problema dos mais
carentes que nós. Foram dias difíceis e trabalhosos, pois tive a desventura de
colaborar num período onde tivemos grandes enchentes na nossa Cidade. Noites e
dias, às vezes sem passar em casa, em busca de alguma solução para os
desabrigados. Os Centros Comunitários abrigando estas pessoas que não tinham
para onde ir. O Município, através da Defesa Civil, que em colaboração com toda
a população da Cidade, Estado e alguns Estados do País, socorria com tudo que se
possa imaginar: gêneros alimentícios, roupas, móveis, medicamentos, etc.,
vinham a nós. A equipe era grande. A mobilização era geral. Se fôssemos
agradecer um por um, poderíamos dizer que teríamos que nomear toda a população
do Estado e alguns outros Estados e até do Exterior. Todos os poderes. Toda a
imprensa. Enfim. Todos. Foi uma grande experiência. Foi um grande trabalho, em
detrimento inclusive da família da gente, mas sempre em benefício dos mais
necessitados.
Será que estou recebendo este título por colaborar já há bastante tempo
com o nosso Jornal do Comércio, nos dirigindo aos leitores com o nosso
pensamento ou nos manifestando sobre temas que achamos que devem ser do
interesse de muitos que não possuem a dádiva de poder expressar num órgão da nossa
imprensa?
Será que estou aqui por que sou engenheiro, administrador de empresas,
professor universitário, ou porque dirigi um órgão da mais alta importância
para nossa Cidade, junto com uma equipe da mais alta categoria e que não
pudemos realizar mais pois a verba destinada era curta? Minha gente, o
departamento era o DEP, Departamento de Esgotos Pluviais. Um órgão pequeno, mas
de grande benefício a uma cidade se for realmente considerado. A área de
drenagem urbana é um dos problemas maiores de uma cidade. A equipe existente,
que se mantém até hoje, é de um diletantismo a toda a prova. Precisa ser mais
aquinhoado com verbas e nós, munícipes, precisamos aprender a não jogar lixo
nos bueiros, pra minorar os problemas existentes: “menos lixo nos bueiros é igual
a menos alagamentos” era a frase tipo apelo, de muito significado, que a nossa
equipe usava; mas isto é sempre válido, não importando quem está na direção.
Foi um período que tivemos todo o apoio do Legislativo Municipal em todos os
momentos, assim como da imprensa, do próprio Executivo e da população
porto-alegrense. Aqui nós agradecemos a todos vocês.
Bem, se for por qualquer um destes motivos ou por todos juntos ou por
outros estou agradecido porque o estímulo ao trabalho e a vibração em tudo que
realizo é uma das minhas características, assim como dizer daquilo que não
gosto ou não compactuo. Com muito sacrifício cheguei até aqui, pretendo
continuar minha vida profissional junto da Prefeitura Municipal de Porto Alegre
que há 14 anos ingressei já como engenheiro, lá no DMAE, na Seção de
Conservação do Patrimônio da Divisão de Materiais, passando depois à Secretaria
Municipal dos Transportes, Secretaria Municipal de Administração, DEP, e hoje
estou fazendo parte do quadro técnico da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
Pretendo continuar um professor universitário da Faculdade São Judas Tadeu,
também seguir meu trabalho comunitário não só junto da comunidade judaica, com
todos os problemas que advém, às vezes até prejudicando a própria família, mas
como tive estes ensinamentos de pessoas que estão aqui presentes ou de outras
que porventura não puderam comparecer nesta Sessão Solene ou por outras que já
nos deixaram.
Senhores Vereadores, em especial ao Ver. Jorge Goularte - O título de
Cidadão Emérito da Cidade de Porto Alegre engrandece a todas as pessoas, pois a
grandeza desta colenda Casa, a grandeza da nossa Capital, já é um estímulo à
continuidade de qualquer trabalho.
Minha família – Este título me emociona muito e quero dedicar com toda
a força que possuo a todos vocês, mas em especial aos meus pais Anita e
Maurício Iasnogrodski, a minha sogra Cecilia Utz, a minha esposa Beatriz e ao
meu filho Fabinho que aqui estão presentes.
Amigos e colegas presentes – É um momento de muita emoção que gostaria que
todos vocês pudessem desfrutar, mas tenham a certeza que isto me traz mais
força para dedicar o tempo necessário para que juntos possamos continuar nossa
amizade e a árdua tarefa que nos
legaram.
Já disse anteriormente que estamos em Pessach, época de reflexões. No ano passado um dos escritores
maiores do Rio Grande do Sul, Moacir Scliar, escreveu para a Revista Shalom uma separata intitulada “Um dever
para nossos dias”. Desta publicação vamos retirar o seguinte texto:
“O deserto que hoje temos de atravessar não é uma extensão de areia
estéril calcinada pelo sol implacável. É o deserto da desconfiança, da
hostilidade, da alienação de seres humanos. Para esta travessia, temos de nos
munir das reservas morais que o judaísmo acumulou, das poucas e simples
verdades que constituem a sabedoria do povo. AMA TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO.
Reparte com ele teu pão. Convida-o para tua mesa. Ajuda-o a atravessar o
deserto de sua existência. A mensagem de Pessach
é dirigida sobretudo às crianças e aos jovens. Como sentinelas na noite, temos
de velar por eles, velar para que recebam a mensagem da liberdade. Pessach é a festa das gerações. É a
festa em que os pais falam a seus filhos e é por isso que a festa de Pessach é celebrada em família. Não num
templo, mas em casa. Em torno a uma mesa, de modo que as pessoas se possam
olhar, de modo que o filho possa ouvir eloqüente o relato da saga de um pequeno
povo de incultos e nômades que ensinou a um poderoso império uma lição de
justiça e dignidade.
Estamos em Pessach, época de
reflexão”.
A vocês todos, membros desta Casa e convidados, meu muito obrigado, e
que tenhamos daqui para frente, como sempre desejou o povo judeu, anos e dias
com muita paz entre os homens e os povos. O meu cordial Shalom - paz em hebraico.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Meus senhores e minhas
senhoras, no final desta Sessão, a Mesa da Câmara Municipal de Porto Alegre
gostaria de deixar registradas algumas palavras junto com as dos oradores que
representaram as suas respectivas Bancadas. Temos dito e repetido que temos
enorme satisfação quando sentimos que, passadas as 18h30min de um dia como
hoje, estamos completando a terceira sessão de trabalho nesta Casa. Durante as
duas primeiras e por força do Regimento, certamente os que aqui estiveram
assistiram aos debates que a nível das idéias fazem com que a população
manifeste os seus desejos, os seus anseios, as suas necessidades, os seus
desejos e as soluções que desejam para esta Cidade, tão querida por nós e pelo
nosso homenageado. Agora, a Casa do Povo de Porto Alegre, também
regimentalmente, realiza uma sessão para homenagear e é neste ponto que a Mesa
quer cumprimentar o autor da proposição, Ver. Jorge Goularte, e volto a dizer,
e alguns certamente já ouviram, que a Sessão Solene não é uma simples festa. A
Sessão Solene, através da escolha de nomes que são homenageados por esta Casa,
faz com que, pelo nome escolhido, pela inteligência do autor e pela aprovação
do Plenário, vários segmentos sociais, que por força do seu trabalho diário, das
suas funções profissionais, não acorrem diariamente aos debates desta Casa,
para cá venham. Então, estamos cumprindo, também, e muito bem cumprido, o
Regimento Interno da Casa, que traz o debate, que traz a solução, que traz o
problema e que traz a homenagem. Neste sentido, por exemplo, traz à Casa as
figuras de Luiz Vicente Dutra, de Reginaldo Pujol, João Antônio Dib, sempre
Vereador e ex-Prefeito desta Cidade, que certamente nas palavras da Mesa, neste
momento, também relembram o tempo em que participaram de tudo o que acontece
nesta Casa e neste Plenário. Meu caro homenageado, o Plenário que
regimentalmente está abrigando uma sessão formal e solene, me parece que muito
mais é uma sala que abriga pelo silêncio que inspirava e pela emoção que aqui
todos estavam atingidos, pela simplicidade dos pronunciamentos, mas pela
lealdade das palavras, pelo sentimento que inspirava a todos, o Plenário
tornou-se uma sala de reuniões e uma sala de visitas, onde os amigos do
homenageado, Vereadores, ex-Vereadores, Prefeitos, autoridades, enfim, aqui
estão ainda para abraçar o nosso homenageado. Mais uma vez os cumprimentos da
Mesa ao autor do Projeto, os cumprimentos ao homenageado e à família, sua
esposa, mãe, pai, filho, a todos, e os agradecimentos muito especiais da Mesa
da Casa do Povo de Porto Alegre, a cada um dos senhores e das senhoras pelo
comparecimento que honra e orgulha a todos os 33 representantes que aqui devem
sintetizar o pensamento da Capital do Estado do Rio Grande do Sul.
Nada mais havendo a tratar, estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 18h41min.)
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