ATA DA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 05.04.1988.

 

 

Aos cinco dias do mês de abril do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sétima Sessão Solene da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislativa, destinada a conceder o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Dr. David Iasnogrodski, conforme Projeto de Resolução nº 35/86 (proc. nº 2621/86). Às dezessete horas e vinte e cinco minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Frederico Barbosa, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, em exercício da presidência nesta Solenidade; Rabino Efraim Ginsberg, Grão-Rabino do Rio Grande do Sul; Dr. Samuel Burd, Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul; Dr. João Antonio Dib, ex-Vereador e ex-Prefeito de Porto Alegre; Ver. Nei Lima, Secretário Municipal do Meio Ambiente; Dr. Israel Lapchick, Presidente do Conselho da Federação Israelita; Jorn. Roberto Brenol de Andrade, representando a Direção do Jornal do Comércio; Sr. João Carlos Bertucci da Silva, representante do Conselho Regional de Administração; Dr. David Iasnogrodski, Homenageado; Verª Gladis Matelli, 1ª Secretária da Casa. A seguir, o Sr. Presidente saudou, em nome da Casa, os ex-Vereadores Luiz Vicente Dutra e Reginaldo Pujol, Prof. Idalécio Sobotck, Vice-diretor da Faculdade São Judas Tadeu e o Sr. Luiz David Levental, da Organização Sionista e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Hermes Dutra, em nome da Bancada do PDS, comentou os laços de amizade que o unem ao Homenageado, enaltecendo suas qualidades. Discorreu sobre a administração de Sua Senhoria à testa do Departamento de Esgotos Pluviais, salientando a luta que teve que empreender para fazer frente aos problemas da Cidade, em face dos parcos recursos que esse Departamento possuía. Ao finalizar, disse que esta homenagem simboliza o reconhecimento deste Legislativo, pelos serviços prestados por S. Sa. à comunidade. O Ver. Jorge Goularte, em nome das Bancadas do PL, PMDB e PCB e como proponente da presente Sessão Solene, falou que esta homenagem decorre do débito existente da cidade de Porto Alegre com S. Sa., em reconhecimento aos relevantes trabalhos prestados na solução dos problemas da Cidade, à frente dos vários órgãos municipais onde prestou sua colaboração. Finalmente, discorreu sobre a vida comunitária do Homenageado e seu currículo profissional. O Ver. Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, disse ser gratificante juntar-se às homenagens que, hoje, se prestam nesta Casa ao Sr. David Iasnogrodski. Falou que a presente Sessão Solene é o reconhecimento deste Legislativo ao Homenageado pelo muito que tem contribuído em prol da comunidade. Discorreu sobre a colaboração cultural prestada à comunidade judaica existente no Município, salientando o transcurso, hoje, da Festa Judaica de Libertação do Cativeiro Egípcio. O Ver. Artur Zanella, em nome da Bancada do PFL, declarou sua satisfação por representar seu Partido na Presente homenagem. Discorreu a respeito dos requisitos necessários para que alguém receba o Título de Cidadão Emérito, ressaltando, entre eles, o trabalho realizado em favor da Cidade, no qual o Homenageado tem se destacado, como funcionário público exemplar da classe a que pertence. A seguir, o Sr. Presidente convidou o Ver. Jorge Goularte a proceder à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito e do Troféu “Frade de Pedra” ao Sr. David Iasnogrodski. Após, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Homenageado que agradeceu o Título e o Troféu recebidos. Em continuidade, o Sr. Presidente fez pronunciamento relativo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezoito horas e quarenta e um minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Frederico Barbosa e secretariados pela Verª Gladis Mantelli. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Hermes Dutra, que falará em nome da Bancada do PDS.

 

O SR. HERMES DUTRA: Exmo. Sr. Ver. Frederico Barbosa, na presidência dos trabalhos; Rabino Efraim Ginsberg, Grão-Rabino do Rio Grande do Sul; Dr. Samuel Burd, Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul; Dr. João Antônio Dib, ex-Vereador e ex-Prefeito de Porto Alegre; Ver. Nei Lima, Secretário Municipal do Meio Ambiente; Dr. Israel Lapchick, Presidente do Conselho da Federação Israelita; Jornalista Roberto Brenol de Andrade, representando a Direção do Jornal do Comércio; Sr. João Carlos Bertucci da Silva, representante do Conselho Regional de Administração. Meu prezado amigo e homenageado desta tarde, David Iasnogrodski, homem cuja dificuldade que sempre tive em pronunciar o sobrenome vai na razão inversa do afeto, da amizade com que consegue cativar a todos que com ele convivem. Meu prezado David, vejo no Plenário tua esposa, teu filho, e começo a voltar no tempo e, ao mesmo tempo, a pensar na dura missão que é vir a esta tribuna e falar de quem se é amigo, coisa que pode parecer fácil, mas não o é. Não vou falar, David, do teu trabalho junto à comunidade israelita de Porto Alegre, o que, certamente, outros Vereadores, bem melhor do que eu, farão. Não irei também buscar no teu currículo coisas para dizer aos teus amigos, porque eles bem o sabem e certamente outro discurso o fará melhor. Vou, isto sim, David, falar em nome da minha Bancada, naturalmente, em nome do Ver. Rafael Santos e Mano José, mas quero falar também em nome daqueles amigos que conviveram contigo, capitaneados pelo Dib, que está aqui, na Mesa, nos prestigiando com sua presença neste ato, todos eles, porque se citar nomes talvez cometesse alguma injustiça, e muitos vieram aqui testemunhar este ato que, se é uma festa, se é uma Sessão Solene, é, antes de tudo, o reconhecimento da Câmara Municipal de Porto Alegre por alguém que vê o homem como um ser um pouco acima do que é pura matéria, que vê o homem como um ser que vem ao mundo, e que, como tal, aqui tem de fazer alguma coisa, e fazer para o bem, e tu és um destes, David. Volto ao tempo, como dizia, e me recordo do David que muitos de vocês não conheceram, e que poucos de nós convivemos, conhecemos. Um David preocupado e assustado quando São Pedro abria as torneiras lá em cima e derramava a água santa que para os agricultores era a vida que lhes rendia lucro e assegurava o futuro, para o David era o desespero de ter um departamento com um orçamento que era nada, e a ânsia de querer resolver os problemas, e não ter os instrumentos adequados nas mãos. Era o David que fazia jus ao nome, na luta contra um Golias que era o mar de problemas desta Cidade, contra um David modesto, no seu minúsculo departamento, o menor da prefeitura, diuturnamente buscando, com os parcos recursos que tinha, as soluções que o dinheiro não lhe facilitava, mas que a criatividade lhe alcançava às mãos e que como tais se estendiam para a população da Cidade. Ali que convivi com o David, e aprendi a admirá-lo, sobretudo ver que, efetivamente, há homens que não se apequenam diante dos grandes problemas. E certamente, David, não foste o vitorioso de todas as batalhas, ninguém o é, mas feliz daquele que diz que batalhou em todas as batalhas. Foste um deles. É por isso que em nome daqueles companheiros de quem muitas vezes divergimos em uma mesa de reunião, divergências estas que nunca atingiram o afeto, a estima e a admiração pessoal que tínhamos por ti, é que quero, neste dia em que a Casa de Porto Alegre se reúne, numa feliz e oportuna iniciativa do nosso Ver. Jorge Goularte, tão ligado à Colônia Israelita de Porto Alegre, dar o título de Cidadão Emérito a David Iasnogrodski.

Por certo, David, tu deves estar te questionando lá no fundo, porque é próprio de ti, mas afinal, agora, com este diploma na mão, o que fazes? Eu te responderia, David, esta Casa tem uma galeria de homens cuja ação e cujo trabalho estão registrados para sempre em seus Anais e nos seus livros de história. Que nossos pósteros possam um dia, daqui há 10, 100 ou 200 anos, consultar e dentre esta gama imensa de homens a quem Porto Alegre muito deve, estar inserido o teu nome, que não deve ser fator de preocupação de sua parte pela responsabilidade que adquires em te tornares Cidadão Emérito desta mui leal e valerosa. Ao contrário, a Casa se sente rejubilada, pois quem não se sente rejubilado quando faz uma coisa que é certa. E hoje, ao te dar este Título, os Vereadores de Porto Alegre, pela sua Casa Legislativa, pela unanimidade de seus membros, apenas materializam o que deveria ser obrigação de toda a comunidade: saudar e mostrar a todos os seus homens de bem. E tu és um deles, David. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Goularte, autor da proposição, que fala pela sua Bancada, a Bancada do PL, pela Bancada do PMDB e pela Bancada do PCB.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente, Sr. Rabino Efraim Ginsberg, meu querido amigo Samuel Burd, Dr. João Antônio Dib, sempre Vereador nesta Casa, Ver. Nei Lima, Dr. Israel Lapchick, Dr. João Carlos Bertucci, meu querido homenageado Davi Iasnogrodski, familiares, Sr. Maurício, dona Anita, a esposa do nosso homenageado, Beatriz, o filhinho Fábio, comunidade aqui presente, o sempre Ver. Pujol, que nos dá um prazer enorme em estar aqui, Luiz Vicente Dutra, os amigos do David que aqui estão, minhas senhoras e meus senhores.

Quando propus este título ao David, e vejo um grande amigo que me ajudou muito neste Projeto, que confesso de público que é o David Kapel, o fiz na certeza de que Porto Alegre devia este título a quem tanto trabalhou por Porto Alegre, de maneira simples, de maneira modesta no seu jeito de ser e até faço uma confissão, com dificuldades que eu mesmo poderia ter tentado resolver e que não o fiz, porque quando propus o convênio CORSAN/DMAE poderia também ter incluído o DEP neste convênio para que o David tivesse alguns meios a mais para fazer o grande trabalho que fez ainda maior. O David criou grandes projetos em Porto Alegre. Lembro aqueles primeiros, aqueles antigos, a grande luta que teve com o grande projeto que fez: “Menos sujeira nos bueiros, menos enchente”. Como disse o Hermes Dutra, e o disse muito bem, o David ficava desesperado quando Porto Alegre recebia aquelas enxurradas, como todas as cidades recebem e as dificuldades são em todas as cidades do mundo, mas o David, mesmo sem meios, na defesa civil do Município, fazia um trabalho brilhante, que ele pensava que nós não estávamos observando, mas nós estávamos, pois esta é a nossa missão. O Vereador tem que observar, em nome da população que o elegeu, o que faz o homem público. Assim somos julgados, não é, Dib? Somos julgados, Frederico, Vicente, Pujol, Hermes, Isaac, Aranha, Zanella, todos nós sabemos o que isso representa. Mas, não vou fazer um discurso lido, porque não gosto de fazê-lo e também acho que nem sei fazê-lo, pois tenho dificuldades em ler, mas gosto de falar com o coração. Vou tentar falar do homem em família David Iasnogrodski, do homem em comunidade David Iasnogrodski e do homem profissional David Iasnogrodski.

O homem de família é um filho amantíssimo e o seu Maurício e a dona Anita que o digam. O jovem estudioso que fez, com esforço enorme, vários cursos, um profissional da mais alta competência, e um filho que só deu satisfações. O David em família, com sua esposa Beatriz e o filho Fábio, pai amantíssimo, marido extremado, criatura maravilhosa que vive para sua família. E o David em comunidade, aquele homem atento, crítico – por que não? – também meu, das coisas que faço erradas – e as faço, muitas – e também indicações para que acerte ou para que faça alguma coisa de bom por Porto Alegre. Tem muito do David, suas sugestões, seu acompanhamento, assim como tem de muitos amigos. Quantas tardes eu passo lá no Kapel, no Efraim, no Pettersen, que vejo não estar aqui presente e espero que ele saia do problema de saúde que tem, que sempre está presente e que hoje por problemas de saúde é que não está presente.

Então, o David, em comunidade, tira os momentos que ele tem, particulares, para trabalhar pela comunidade e como o faz: com competência, com altivez, e além de tudo ainda tem o programa de Rádio às 9h45min na Rádio Princesa e me faz eu ir lá para ouvir o David se comunicar com Porto Alegre, com a sua gente. O David tem alguma coisa em comum, pois nós já passamos algumas refregas juntos. Nós já fomos ameaçados juntos, evidentemente por algo que nem deve ser citado. Gente desqualificada que nos ameaçam anonimamente e nos ameaçaram fisicamente, em uma determinada oportunidade, entrando na Prefeitura Municipal, e que deixamos passar porque essas coisas a gente deve esquecer e não devemos, neste momento, recordar coisas más.

O David, eu disse o David profissional, um homem que possui inúmeros cursos, sendo engenheiro civil, administrador de empresas, tem vários cursos de extensão universitária, como Fundamentos da Corrosão, Operação de Sistema de Distribuidores, Fundações dos Edifícios, Curso de Hidrometria, Instalações Prediais de Água e Esgotos, Administração de Materiais, Curso de Marketing, Engenharia de Tráfego, Elaboração de Análises de Projetos, Programação e Administração de Projetos, Segurança e Desenvolvimento, além de participação constante em seminários sobre os problemas de nossa Cidade. Então, um homem preparado, como poucos, para desempenhar a sua profissão e o faz com dedicação invejável. Por isso, Davi, propus esse Título. Por isso, nós estamos aqui. Este modesto proponente, um dos mais modestos Vereadores do sul do mundo, teus familiares, pai, esposa, amigos, líderes da comunidade judaica, estamos, todos, para te dar um grande abraço e agradecer pelo muito que já fizestes e pelo que ainda farás por Porto Alegre, pelo Rio Grande e pelo Brasil. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. Isaac Ainhorn pela Bancada do PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Ver. Frederico Barbosa, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, em exercício da presidência nesta solenidade; Dr. David Iasnogrodski, homenageado; Rabino Efraim Ginsberg, Grã-Rabino do Rio Grande do Sul; Dr. Samuel Burd, Presidente da Federação Israelita do CCC-RS; Dr. João Antônio Dib, ex-Prefeito e ex-Vereador de Porto Alegre, que esperamos não fique só nos “exs”; Ver. Nei Lima, Secretário Municipal de Meio Ambiente; Dr. Israel Lapchick, Presidente do Conselho da Federação Israelita; Jornalista Norberto Brenol de Andrade, representando a direção do “Jornal do Comércio”; Sr. João Carlos Bertucci da Silva, representante do Conselho Regional de Administração; Verª Gladis Mantelli, 1ª Secretária da Câmara Municipal de Porto Alegre; minhas senhoras e meus senhores; meus colegas Vereadores, ex-secretários do Município; autoridades aqui presentes.

Para mim é gratificante e diz muito com a minha história, com a minha vida, com as minhas raízes nesta tarde participar como orador das homenagens que se presta ao David Iasnogrodski, e conferir-lhe o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre.

É evidente que alguns predicados, algumas qualificações fazem com que uma pessoa seja distinguida. E a Câmara de Vereadores é uma Casa que tem os seus momentos difíceis, é uma Casa política. É uma Casa que é a expressão política da cidade de Porto Alegre, nas suas grandezas, nas suas dificuldades, nas suas adversidades. E procura, igualmente, prestar homenagens, reconhecer o trabalho de pessoas que realmente são representativas da sociedade porto-alegrense, e que esta Casa, como representativa dos cidadãos porto-alegrenses, reconhece os seus feitos, as suas contribuições, o seu trabalho, e aquilo ainda que poderá vir a fazer. É um reconhecimento da Cidade. E a cidade é o local real onde as pessoas vivem. A cidade não é uma ficção jurídica. A cidade é a realidade concreta da vida dos cidadãos, da vida moderna dos cidadãos.

O que é a cidade moderna? Cidade moderna é essa construção que tem muito de qualidade, muito de positivo, mas, também, a vida social nos impõe inúmeras dificuldades. E a cidade de hoje, que é filha, que é sucessora, que é herdeira da cidade medieval, administrar a cidade é algo extremamente complexo, com o qual o nosso homenageado de hoje, o David, conviveu e convive, porque ele é um estudioso da cidade de Porto Alegre. Ele é um homem – e o seu currículo revela as qualificações pessoais que lhe fazem – realmente, um homem em condições para sugerir soluções para os problemas da Cidade. Ele transita na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, conversa, sugere e discute com vários Vereadores, independentemente de suas colorações políticas, independentemente do partido político a que pertence cada um dos Srs. Vereadores. Com freqüência se assiste à presença do David aqui nesta Casa, discutindo problemas dos mais diversos que dizem respeito à cidade de Porto Alegre.

O David tem a sua história, o filho do seu Maurício e dona Anita, que hoje, orgulhosamente, com certeza, participam desta homenagem, cuja feliz proposição partiu do ilustre Ver. Jorge Goularte e que mereceu acolhida unânime dos Vereadores desta Casa.

Hoje, aqui, a D. Anita e o Sr. Maurício certamente estão felizes, mas além da condição de pais orgulhosos de ver e de assistir o reconhecimento da cidade de Porto Alegre a seu filho, há um outro aspecto que, nesta oportunidade, cumpre inegavelmente registrar. O nosso País é fundamentalmente um País de formação de correntes migratórias que, pelos mais diversos motivos, aqui aportaram; dificuldades econômicas dos países de origem, perseguições de toda ordem, é que fizeram do Brasil um país receptor de correntes migratórias, de um verdadeiro cadinho de miscigenação e integração de povos, de culturas, as mais diversas, desde o início do descobrimento do Brasil, quando para cá aportaram os portugueses. Curiosamente posso dizer, com a absoluta tranqüilidade, que dos 80% dos portugueses que para o Brasil acorreram, que para a Província de São Pedro aqui vieram - a maior parte também já vítima da intolerância e da perseguição de toda ordem, e sobretudo de natureza religiosa - aqui aportaram os cristãos novos, cujas raízes, cuja história remontam às raízes judaicas. E, hoje, nós estamos homenageando o homem porto-alegrense, um gaúcho, um brasileiro, mas, também, o homem que reconhecidamente - e assume plenamente esta condição - traz em si a sua condição presente e permanente, a sua condição judaica.

Eu convivi com David desde os tempos dos bancos escolares do jardim da infância, depois no Colégio Israelita e, mais adiante, no Colégio Júlio de Castilhos. Ele escolheu o Científico, o caminho da Engenharia, eu pelo caminho do curso clássico, pelo caminho do Direito. E assisto, hoje, com orgulho e satisfação. Faço esta homenagem ao filho do seu Maurício e da dona Anita, que expressa o reconhecimento da sociedade de Porto Alegre, exatamente desta Cidade, a exemplo de outras Capitais brasileiras, a exemplo de milhares de municípios do nosso País que foram formados dentro deste verdadeiro cadinho de miscigenação racial.

O David, na sua formação, na sua história, é, hoje, a expressão de dezenas e centenas de milhares de homens oriundos de outras paragens que para aqui vieram por problemas, como já referi, de natureza migratória, os mais diversos, e se integraram. O David é um exemplo e um símbolo de um homem da integração, de um homem da condição judaica, a exemplo da minha situação pessoal, identificado plenamente com a sua Cidade, com o seu Estado e com o seu País. E esta é uma característica que eu não poderia deixar de registrar. Com a sua força, com a sua convicção íntima, com os seus padrões, ele mantém um horário tradicional, aqui já referido pelo Ver. Jorge Goularte, a Hora Israelita. E ele expressa, através desse programa, a presença da cultura judaica na formação da sociedade rio-grandense e da sociedade brasileira. E ele é representativo, hoje, quando a cidade de Porto Alegre homenageia, hoje, a David Iasnogrodski, conferindo-lhe o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, motivo de orgulho para seus pais, para sua mulher, Beatriz, e para seu pequeno filho, Fábio. Ele também é um motivo de orgulho da sociedade porto-alegrense, da sociedade rio-grandense e da sociedade brasileira. E o é, também, da comunidade judaica, que vive e trabalha neste Estado e neste País. E quando cito a Hora Israelita, chamo a atenção para o fato de que, ali, ele transmite valores e padrões de uma cultura milenar, que formam e que constituem a cultura ocidental, que é formada pela corrente judaica e, de forma subseqüente, pela cultura cristã, condicionando a formação de todas as pessoas exatamente neste caldo cultural da cultura judaico-cristã, ao lado da filosofia greco-romana. Estas são as grandes correntes e o David expressa isto de forma plena. E quando vejo o David ser homenageado, vejo que está sendo homenageado tudo aquilo de que ele participou, o que ele fez e o que ele construiu, na sua individualidade, ele, David, nos seus 40 anos de existência, mas, ao lado da sua individualidade, também há um ser coletivo. Quando se fala, por exemplo, que o David recebe o reconhecimento da cidade de Porto Alegre, ele está recebendo o reconhecimento por tudo aquilo que ele faz como cidadão, como intelectual, como professor, como técnico de reconhecida competência, que passou momentos difíceis, mas sempre teve muita garra, muita vontade e talento. Na Hora Israelita, eu referi, e vejo figuras que antecederam o David na Hora Israelita, Dr. José Alperin, Dr. Komeyer, que também, com certeza, nesta tarde, ao lado de outras pessoas que aqui se encontram, que junto com o David estão sendo homenageadas com ele. Há pouco conversava, e é uma data, para o David e para a comunidade judaica, tenho certeza, de muita expressividade, data em que o David recebe o reconhecimento do seu trabalho, porque esta semana, no calendário judaico, representa uma das festas religiosas de maior expressão, que é a libertação do Egito há mais de três mil anos, a festa de Pessach, que ao lado de todos os conteúdos religiosos é também uma festa de liberdade. Há pouco comentava a locução do Rabino Quinsburg quando dizia que os quatro cálices, ele dizia, presentes na festa do Seider, quiçá expressavam, há três mil anos atrás, nos séculos XVIII, XIX e XX, filosoficamente, foi racionalizado e elaborado, mas já estavam expressos de forma simbólica nos quatro cálices, a liberdade religiosa, a nacional, a econômica e a liberdade individual. E, hoje, nos sentimos à vontade, pois sei da satisfação, da coincidência da homenagem que a cidade de Porto Alegre presta ao David nesta tarde e o reconhecimento da Câmara de Vereadores da Cidade de Porto Alegre ao David.

Encerrando, Sr. Presidente, mais uma vez, quero deixar aqui registrado o profundo reconhecimento da minha Bancada e da conquista do título, a homenagem que se faz, hoje, ao David, em lhe conferir o título que a Câmara de Vereadores votou, há algum tempo atrás, concedendo-lhe por unanimidade o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre; é uma questão em que se fez nada mais do que justiça. E a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, neste particular, eu tenho certeza de que com os qualificativos, o curriculum e a história do nosso homenageado só cresceu e se orgulha, nesta oportunidade, de conferir ao David o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A seguir, passamos a palavra ao Ver. Artur Zanella, que falará em nome da Bancada do PFL.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Ver. Frederico Barbosa, Vice-Presidente da Casa, estando hoje no exercício da presidência dos trabalhos; Dr. David Iasnogrodski, nosso homenageado e sua família; Dr. Samuel Brud, Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul; Rabino Efraim Ginsberg, Grão-Rabino do Rio Grande do Sul; Sr. João Antônio Dib, ex-Vereador e ex-Prefeito de Porto Alegre; Ver. Nei Lima, Secretário Municipal de Meio Ambiente, representando a Prefeitura Municipal, neste ato; Dr. Israel Lapchick, Presidente do Conselho da Federação Israelita; Sr. João Carlos Bertucci da Silva, representante do Conselho Regional de Administração; Verª Gladis Mantelli, Secretária da Câmara Municipal de Porto Alegre; demais pessoas aqui presentes, sempre citando os ex-Vereadores Reginaldo Pujol e Vicente Dutra; meus senhores e minhas senhoras.

Ao final da tarde, quando já se é o quarto Vereador a falar, eu me lembro daqueles grandes comícios que existiam antigamente em que o último orador na verdade servia como uma introdução ao orador principal, no caso dos comícios, a grande estrela, no caso de uma Sessão como esta, a oração do homenageado. Mas, a Bancada do PFL fez questão de aqui estar para colocar também a sua palavra e a sua posição. Comentava eu com o Ver. Aranha Filho, da minha Bancada, que naqueles debates em que se discute quem será o orador que representará a Bancada, sempre há algumas discussões e, em alguns casos, o Ver. Aranha Filho ou algum outro Vereador ligado à área tem a honra de se pronunciar. Em algumas Sessões, eu tinha inveja de outros Vereadores que falavam em nome da minha Bancada, assim como hoje os representantes da nossa Bancada, que aqui estão, tenho certeza gostariam de estar, neste momento, em meu lugar.

É difícil, neste momento, colocar grandes questões, porque antes as qualificações do homenageado praticamente todas foram colocadas: engenheiro, técnico em administração, jornalista, radialista, da defesa civil, mas cabe, também, ampliar um pouco este momento e discutir algo que até hoje a imprensa publicava, em que se falava das condições necessárias para que alguém recebesse ou não o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre. Alguns devem ter lido, outros devem ter ouvido e quem participou, ontem, da discussão, às vezes ouviu ou ouvia a posição de alguns que falavam de um homenageado que deve ser idoso, alguém disse. Enquanto que nós, neste momento, dizemos que o homenageado pode ser idoso, que traz aqui toda a sua experiência, até às vezes num acaso de atividade funcional, mas nós queremos exaltar hoje também a juventude, porque isto aqui, o David tenho certeza que sabe disso, mas talvez outros não pensem assim, isto aqui não é o coroamento de carreira alguma, isto aqui não é o galardão final para uma pessoa. Isto aqui é o incentivo da Cidade para quem muito já fez, mas que tem muito a fazer, ainda, por ela. E eu dizia ao meu colega Aranha Filho que é uma satisfação muito grande, para quem atua no funcionalismo público há tantos anos quanto eu, ver que numa oportunidade que no País inteiro se coloca como inimigo público número um os funcionários públicos, nós temos aqui nesta sala um funcionário exemplar junto com os seus colegas de serviço, junto com o seu chefe, o seu Secretário, que não é do mesmo partido, dizer que há problemas nesta área, mas existem também nesta classe, em sua maioria, pessoas que sabem de que forma o dever deve ser cumprido e é isto que nós estamos também homenageando, no dia de hoje, como exemplo de todos aqueles, para todos aqueles que se iniciam numa carreira pública, muitos aqui estão, seus colegas ou ex-colegas. É importante que existam pessoas que trabalham por sua cidade, por sua comunidade. Isso, David, é uma posição nossa, discutida em Bancada, de que não somente a pessoa fosse homenageada, mas a classe na qual ela está inserida, principalmente numa época como esta em que é tão difícil que as pessoas recebam o reconhecimento por seu trabalho, numa época de tantas desesperanças e numa época em que a confiança e a fé cada vez mais andam escassas e somem do panorama político-administrativo do País. Neste País com tantas indefinições, neste País com tantas indecisões, neste País em que é tão difícil nós encontrarmos um parâmetro e muitas vezes nós encontramos este parâmetro naqueles que a gente considera como os pais da Pátria, aquelas pessoas que são exemplos até por sua idade cronológica, nós queremos, finalmente, dizer a todos que nós apresentamos também parâmetros jovens, apresentamos também ao povo de Porto Alegre para que aqueles que não saibam das qualidades do David fiquem também conhecendo, nós apresentamos, não para os senhores que nos deram a honra de sua presença nesta tarde, nós apresentamos para a Cidade uma pessoa que é um exemplo pelo que já fez, mas principalmente é um exemplo por aquilo que fará. Muito obrigado, David, pela sua presença neste dia e muito obrigado em nome do povo de Porto Alegre, que nós representamos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ouvido o autor da presente homenagem, o Ver. Jorge Goularte, Líder da Bancada do PL, convido-o a fazer entrega do título honorífico de Cidadão Emérito ao nosso homenageado, Dr. David Iasnogrodski.

 

(O Ver. Jorge Goularte faz a entrega do Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Há pouco tempo a Câmara Municipal de Porto Alegre resolveu instituir o troféu “Frade de Pedra”, que traduz o apreço da população porto-alegrense às pessoas que de alguma forma prestam serviços à comunidade. Historicamente traduz a hospitalidade rio-grandense, uma vez que representa o símbolo da fraternidade.

Eu convido também o autor, Ver. Jorge Goularte, a fazer em nome da Casa a entrega do troféu “Frade de Pedra” ao Dr. David Iasnogrodski.

 

(O Ver. Jorge Goularte faz a entrega do troféu “Frade de Pedra”.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedo a palavra, a seguir, ao homenageado, Cidadão Emérito de Porto Alegre, Dr. David Iasnogrodski.

 

O SR. DAVID IASNOGRODSKI: Senhor Presidente, Senhores Vereadores, estimadas pessoas aqui presentes, amigos e colegas. É com grande satisfação e com muita emoção que estou aqui nesta tribuna para dirigir-me aos Vereadores da minha Cidade, e em especial ao amigo Ver. Jorge Goularte, para agradecer este título que ora estou recebendo. Estamos nesta época comemorando a Páscoa Judaica – o Pessach. Se relembra o êxodo dos judeus no Egito. É uma festa familiar onde o pai reúne toda a família ao redor de uma mesa, no jantar, para juntos lerem a Hagada, que é o livro onde está escrita esta história. Esse jantar é denominado Seder de Pessach, “seder” significa ordem em hebraico. Esse jantar tem todo um ritual próprio e conta em detalhes a saída e o sofrimento dos judeus no Egito. Em certo momento desse jantar o primogênito pergunta ao pai uma série de dúvidas que ele tem, como, por exemplo: porque esta noite é diferente de todas as outras e assim por diante.

Eu também estou com dúvidas, pois não sei dizer o porquê desta outorga, apesar de que os Vereadores anteriormente já falaram algo. Parafraseando outro amigo, que também recebeu outorga igual, e como estamos em Pessach faço as seguintes indagações: Será que estou recebendo o título de Cidadão Emérito da Cidade de Porto Alegre porque sou, e com muito orgulho, um funcionário público municipal por opção?

Será porque tenho como hobby realizar a Hora Israelita há muitos anos todos os domingos e com isso posso continuar mostrando como a comunidade judaica do Rio Grande do Sul está integrada neste torrão gaúcho, que tão bem recebeu imigrantes judeus em horas tão amargas, assim como pessoas de outras etnias? Falo assim pois sou filho de imigrante que chegou aqui com 12 anos de idade vindo da longínqua Rússia. Se atirou logo ao trabalho de bater de porta em porta a vender meias, rendas e bordados. Conheceu a nossa Cidade, a minha Cidade, a Cidade dele por opção, como um todo, logicamente um pouco mais romântica, com menos população e também com menos violência. Casou aqui com uma natural de Porto Alegre, mas de pais imigrantes que também por opção viveram quase toda a vida na nossa hospitaleira, cordial, simpática Porto Alegre. Nos criaram, a mim e ao meu irmão Bruno com muito sacrifício, mas querendo sempre que tivéssemos menos problemas que eles. Conheci Porto Alegre inicialmente por eles, onde todos os domingos me levaram a passear de bonde, ônibus ou a pé e assim comecei a gostar desta Cidade que hoje me homenageia através desta Casa Legislativa.

Será que estou recebendo este prêmio porque desde garoto gosto de colaborar em trabalhos comunitários como no Círculo Social Israelita e Grêmio Esportivo Israelita, hoje Associação Israelita, Betar, B’nai Brith, Defesa Civil de Porto Alegre, Liga de Defesa Nacional e tantos outros que até a memória está me faltando em função da emoção que estou sentindo neste momento?

Sobre a Defesa Civil de Porto Alegre devo realçar que foi um período muito importante para a minha vida, pois aprendi a ver o problema dos mais carentes que nós. Foram dias difíceis e trabalhosos, pois tive a desventura de colaborar num período onde tivemos grandes enchentes na nossa Cidade. Noites e dias, às vezes sem passar em casa, em busca de alguma solução para os desabrigados. Os Centros Comunitários abrigando estas pessoas que não tinham para onde ir. O Município, através da Defesa Civil, que em colaboração com toda a população da Cidade, Estado e alguns Estados do País, socorria com tudo que se possa imaginar: gêneros alimentícios, roupas, móveis, medicamentos, etc., vinham a nós. A equipe era grande. A mobilização era geral. Se fôssemos agradecer um por um, poderíamos dizer que teríamos que nomear toda a população do Estado e alguns outros Estados e até do Exterior. Todos os poderes. Toda a imprensa. Enfim. Todos. Foi uma grande experiência. Foi um grande trabalho, em detrimento inclusive da família da gente, mas sempre em benefício dos mais necessitados.

Será que estou recebendo este título por colaborar já há bastante tempo com o nosso Jornal do Comércio, nos dirigindo aos leitores com o nosso pensamento ou nos manifestando sobre temas que achamos que devem ser do interesse de muitos que não possuem a dádiva de poder expressar num órgão da nossa imprensa?

Será que estou aqui por que sou engenheiro, administrador de empresas, professor universitário, ou porque dirigi um órgão da mais alta importância para nossa Cidade, junto com uma equipe da mais alta categoria e que não pudemos realizar mais pois a verba destinada era curta? Minha gente, o departamento era o DEP, Departamento de Esgotos Pluviais. Um órgão pequeno, mas de grande benefício a uma cidade se for realmente considerado. A área de drenagem urbana é um dos problemas maiores de uma cidade. A equipe existente, que se mantém até hoje, é de um diletantismo a toda a prova. Precisa ser mais aquinhoado com verbas e nós, munícipes, precisamos aprender a não jogar lixo nos bueiros, pra minorar os problemas existentes: “menos lixo nos bueiros é igual a menos alagamentos” era a frase tipo apelo, de muito significado, que a nossa equipe usava; mas isto é sempre válido, não importando quem está na direção. Foi um período que tivemos todo o apoio do Legislativo Municipal em todos os momentos, assim como da imprensa, do próprio Executivo e da população porto-alegrense. Aqui nós agradecemos a todos vocês.

Bem, se for por qualquer um destes motivos ou por todos juntos ou por outros estou agradecido porque o estímulo ao trabalho e a vibração em tudo que realizo é uma das minhas características, assim como dizer daquilo que não gosto ou não compactuo. Com muito sacrifício cheguei até aqui, pretendo continuar minha vida profissional junto da Prefeitura Municipal de Porto Alegre que há 14 anos ingressei já como engenheiro, lá no DMAE, na Seção de Conservação do Patrimônio da Divisão de Materiais, passando depois à Secretaria Municipal dos Transportes, Secretaria Municipal de Administração, DEP, e hoje estou fazendo parte do quadro técnico da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Pretendo continuar um professor universitário da Faculdade São Judas Tadeu, também seguir meu trabalho comunitário não só junto da comunidade judaica, com todos os problemas que advém, às vezes até prejudicando a própria família, mas como tive estes ensinamentos de pessoas que estão aqui presentes ou de outras que porventura não puderam comparecer nesta Sessão Solene ou por outras que já nos deixaram.

Senhores Vereadores, em especial ao Ver. Jorge Goularte - O título de Cidadão Emérito da Cidade de Porto Alegre engrandece a todas as pessoas, pois a grandeza desta colenda Casa, a grandeza da nossa Capital, já é um estímulo à continuidade de qualquer trabalho.

Minha família – Este título me emociona muito e quero dedicar com toda a força que possuo a todos vocês, mas em especial aos meus pais Anita e Maurício Iasnogrodski, a minha sogra Cecilia Utz, a minha esposa Beatriz e ao meu filho Fabinho que aqui estão presentes.

Amigos e colegas presentes – É um momento de muita emoção que gostaria que todos vocês pudessem desfrutar, mas tenham a certeza que isto me traz mais força para dedicar o tempo necessário para que juntos possamos continuar nossa amizade e  a árdua tarefa que nos legaram.

Já disse anteriormente que estamos em Pessach, época de reflexões. No ano passado um dos escritores maiores do Rio Grande do Sul, Moacir Scliar, escreveu para a Revista Shalom uma separata intitulada “Um dever para nossos dias”. Desta publicação vamos retirar o seguinte texto: 

“O deserto que hoje temos de atravessar não é uma extensão de areia estéril calcinada pelo sol implacável. É o deserto da desconfiança, da hostilidade, da alienação de seres humanos. Para esta travessia, temos de nos munir das reservas morais que o judaísmo acumulou, das poucas e simples verdades que constituem a sabedoria do povo. AMA TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO. Reparte com ele teu pão. Convida-o para tua mesa. Ajuda-o a atravessar o deserto de sua existência. A mensagem de Pessach é dirigida sobretudo às crianças e aos jovens. Como sentinelas na noite, temos de velar por eles, velar para que recebam a mensagem da liberdade. Pessach é a festa das gerações. É a festa em que os pais falam a seus filhos e é por isso que a festa de Pessach é celebrada em família. Não num templo, mas em casa. Em torno a uma mesa, de modo que as pessoas se possam olhar, de modo que o filho possa ouvir eloqüente o relato da saga de um pequeno povo de incultos e nômades que ensinou a um poderoso império uma lição de justiça e dignidade.

Estamos em Pessach, época de reflexão”.

A vocês todos, membros desta Casa e convidados, meu muito obrigado, e que tenhamos daqui para frente, como sempre desejou o povo judeu, anos e dias com muita paz entre os homens e os povos. O meu cordial Shalom - paz em hebraico.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Meus senhores e minhas senhoras, no final desta Sessão, a Mesa da Câmara Municipal de Porto Alegre gostaria de deixar registradas algumas palavras junto com as dos oradores que representaram as suas respectivas Bancadas. Temos dito e repetido que temos enorme satisfação quando sentimos que, passadas as 18h30min de um dia como hoje, estamos completando a terceira sessão de trabalho nesta Casa. Durante as duas primeiras e por força do Regimento, certamente os que aqui estiveram assistiram aos debates que a nível das idéias fazem com que a população manifeste os seus desejos, os seus anseios, as suas necessidades, os seus desejos e as soluções que desejam para esta Cidade, tão querida por nós e pelo nosso homenageado. Agora, a Casa do Povo de Porto Alegre, também regimentalmente, realiza uma sessão para homenagear e é neste ponto que a Mesa quer cumprimentar o autor da proposição, Ver. Jorge Goularte, e volto a dizer, e alguns certamente já ouviram, que a Sessão Solene não é uma simples festa. A Sessão Solene, através da escolha de nomes que são homenageados por esta Casa, faz com que, pelo nome escolhido, pela inteligência do autor e pela aprovação do Plenário, vários segmentos sociais, que por força do seu trabalho diário, das suas funções profissionais, não acorrem diariamente aos debates desta Casa, para cá venham. Então, estamos cumprindo, também, e muito bem cumprido, o Regimento Interno da Casa, que traz o debate, que traz a solução, que traz o problema e que traz a homenagem. Neste sentido, por exemplo, traz à Casa as figuras de Luiz Vicente Dutra, de Reginaldo Pujol, João Antônio Dib, sempre Vereador e ex-Prefeito desta Cidade, que certamente nas palavras da Mesa, neste momento, também relembram o tempo em que participaram de tudo o que acontece nesta Casa e neste Plenário. Meu caro homenageado, o Plenário que regimentalmente está abrigando uma sessão formal e solene, me parece que muito mais é uma sala que abriga pelo silêncio que inspirava e pela emoção que aqui todos estavam atingidos, pela simplicidade dos pronunciamentos, mas pela lealdade das palavras, pelo sentimento que inspirava a todos, o Plenário tornou-se uma sala de reuniões e uma sala de visitas, onde os amigos do homenageado, Vereadores, ex-Vereadores, Prefeitos, autoridades, enfim, aqui estão ainda para abraçar o nosso homenageado. Mais uma vez os cumprimentos da Mesa ao autor do Projeto, os cumprimentos ao homenageado e à família, sua esposa, mãe, pai, filho, a todos, e os agradecimentos muito especiais da Mesa da Casa do Povo de Porto Alegre, a cada um dos senhores e das senhoras pelo comparecimento que honra e orgulha a todos os 33 representantes que aqui devem sintetizar o pensamento da Capital do Estado do Rio Grande do Sul.

Nada mais havendo a tratar, estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h41min.)

 

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